A campanha desenvolvida pelo professor e ambientalista José Bezerra alerta quanto aos riscos para o meio ambiente e para a saúde.
Professor Bezerra: "Fumaça emite CO²" (Fotos: Portal Infonet) |
Aproximam-se as festas juninas e com elas vem uma preocupação de ambientalistas e médicos: os danos causados ao meio ambiente e à saúde das pessoas por conta do desmatamento e da fumaça em virtude da tradição de queimar fogueiras nos dias de Santo Antônio [13 de junho], São João [24 de junho] e São Pedro [29 de junho]. Pensando nas conseqüências, o professor e ambientalista José Bezerra, lançou a campanha “Neste São João acenda uma fogueira, mas somente no seu coração. Não contribua com o desmatamento e com a emissão de CO²”.
Campanha é desenvolvida pela segunda vez |
A campanha que vem contando com o apoio dos meios de comunicação [o Portal Infonet está apoiando], das escolas e de grande parte da população aracajuana, começa a surtir efeito. “O objetivo é conciliar os festejos juninos com a preservação do meio ambiente, evitando que a madeira utilizada nas fogueiras tenha sido retirada de matas nativas. A gente entende que existe uma tradição principalmente na região Nordeste. É a cultura do nosso povo que vem sendo mantida, mas também entende que as pessoas precisam se conscientizar dos males causados pela fumaça emitida com a queima das fogueiras”, ressalta o professor José Bezerra.
Troncos expostos na Praça do Cemitério Cambuís (Fotos: Divulgação) |
De acordo com ele, os danos causados ao meio ambiente não foram quantificados. “Mas podemos destacar a emissão do CO², principal gás que leva ao aquecimento global e está contido na fumaça, que causa ainda problemas respiratórios principalmente em crianças e em idosos. Com a campanha, a gente quer mostrar às pessoas que podem manter a tradição, mas sem exageros, sem agredir o meio ambiente. Por exemplo, ao invés de acender várias fogueiras, amigos e familiares podem se unir em torno de apenas uma”, destaca acrescentando que se as pessoas lutam para ter qualidade de vida, precisam pensar mais no meio ambiente.
O comércio de fogueiras já é intenso em vários bairros de Aracaju |
Tradição
O professor e ambientalista sabe que não é fácil ir de encontro ao costume trazido ao Brasil pelos portugueses, mas está fazendo a sua parte com a realização da campanha pelo segundo ano consecutivo, conscientizando as pessoas que a queima da madeira neste período junino contribui consideravelmente para a destruição da caatinga e das florestas, com o aumento do CO² na atmosfera e consequentemente com o crescimento de doenças respiratórias.
“De forma gradativa vamos mostrando às crianças e aos adultos que a prática de acender fogueiras, apesar de ser uma tradição secular, pode ser reduzida em prol do meio ambiente e da saúde. Com a campanha, estamos propondo um debate. Assim como economizamos a energia e aprendemos a utilizar a água, podemos também aprender a cuidar mais do meio ambiente, devemos nos conscientizar do aumento de 0,8% na temperatura do planeta por conta da emissão de gases”, entende.
Denúncias devem ser feitas ao Ibama e à Adema |
Saúde
Os principais danos causados à saúde por conta das fogueiras neste período junino, são problemas respiratórios [bronquite aguda, rinite, asma, sinusite, laringite, traqueite entre outras] e até mesmo problemas na visão, dores de cabeça, tontura, eritema cutâneo, fadiga e dor toráxica em paciente com problemas do miocárdio.
Campanha
José Bezerra contou que a campanha vem sendo desenvolvida com sucesso nas escolas, na chamada Sala Verde da Universidade Federal de Sergipe, foi levada à Universidade Tiradentes e à Federação das Escolas da Rede Particular de Ensino, além de emissoras de rádio, jornais impressos, sites.
“Num primeiro instante, as crianças, muitas delas fascinadas pelo fogo, perguntam: ‘tio, como vamos
acender nossas chuvinhas?’. Mas quando mostramos os efeitos, explicamos de forma simples, até mesmo no slogan, cuja imagem é um desenho destacando o desmatamento, elas acabam entendendo”, explica.
O ambientalista lamenta a grande quantidade de madeira que já ‘invade’ os bairros de Aracaju e que segundo ele, quem conhece dá para identificar que muitas delas são originárias de matas nativas. “Eu sei que é humanamente impossível para os órgãos fiscalizadores percorrerem todo o Estado de Sergipe por conta do número reduzido de fiscais, mas dá para identificar que os troncos foram retirados de matas nativas porque não temos manejo florestal e temos muito pouco eucalipto”, enfatiza.
Fiscalização
A Assessoria de Comunicação do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama), informou que as pessoas podem denunciar a retirada de troncos da Mata Atlântica pelos telefones: 3712-7419 ou pela Linha Verde 0800-618080. Caso a denúncia seja confirmada, a madeira é apreendida e o infrator é levado à sede do Ibama, podendo ser notificado.
A multa é de 300 reais pelo chamado metro estéril [medida de madeira empilhada desuniformemente]. E as denúncias podem ser feitas ainda à Administração Estadual de Meio Ambiente (Adema) por meio do telefone: (79) 3179-7314 begin_of_the_skype_highlighting (79) 3179-7314 end_of_the_skype_highlighting.
Por Aldaci de Souza