segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

As 10 florestas mais ameaçadas do mundo

O Ano Internacional das Florestas foi lançado oficialmente hoje pela ONU. Para enfatizar a data e alertar para a importância da preservação, a ONG Conservação Internacional divulga as florestas que mais correm o risco de sumirem do mapa. Com apenas 10% de sua cobertura vegetal original, a Mata Atlântica, na costa brasileira, é uma delas.

Elas cobrem apenas 30% da área do planeta. Ainda assim, abrigam 80% da biodiversidade terrestre mundial. As florestas também são diretamente importantes para a sobrevivência dos humanos. Estima-se que 1,6 bilhão de pessoas dependem delas para garantir o seu sustento. Além disso, muitas das necessidades mais básicas para a sobrevivência do homem na Terra veem das interações entre as espécies de plantas e animais com os ecossistemas, como a polinização de safras agrícolas, os solos saudáveis, os remédios, o ar puro e a água doce.

Apesar de terem tanta importância, a devastação vem destruindo as florestas. Com o objetivo de alertar todo o mundo para a necessidade de conservá-las, a ONU declarou 2011 como o Ano Internacional das Florestas (Leia 2011 é o Ano Internacional das Florestas), que é inaugurado oficialmente hoje, em Nova York. A ONG CI - Conservação Internacional* aproveita a ocasião para divulgar os dez hotspots florestais mais ameaçados de extinção do mundo. Para ser considerado um hotspot, área deve ter riqueza biológica extrema, índice elevado de espécies únicas de animais e plantas, além de estar altamente degradada, com grande risco de desaparecer. No caso da lista de hotspots florestais, a CI considerou florestas que já perderam 90% ou mais de sua cobertura original e que abrigam, cada uma, pelo menos 1.500 espécies de plantas endêmicas (que só existem naquele local).

A lista inclui florestas no sudeste asiático, na Nova Zelândia, nas montanhas do centro-sul da China, na região costeira da África Oriental e na ilha de Madagascar. O Brasil aparece por conta da Mata Atlântica, que abriga cerca de 20 mil espécies de plantas, 40% delas endêmicas. Atualmente, o bioma ameaçado tem apenas 8% do que era a sua cobertura original. Veja na tabela abaixo a classificação dos hotspots florestais:




  1. REGIÕES DA INDO-BIRMÂNIA (Ásia-Pacífico) - suas planícies aluviais são ameaçadas pelo cultivo de arroz, mangues foram convertidos em reservatórios de aquicultura de camarão e a pesca excessiva e o uso de técnicas de pesca destrutiva são problemas graves para os ecossistemas costeiros e de água doce da região. Além disso, alguns rios foram represados para gerar eletricidade, o que causou o alagamento de bancos de areia e outros hábitats que normalmente seriam expostos durante a estação seca, importantes para os ninhos de aves e tartarugas. Os rios e pântanos desse hotspot também são importantes para a conservação de peixes de água doce, incluindo alguns dos maiores peixes de água doce do mundo. O Lago Tonle Sap e o Rio Mekong são hábitats para a lampreia gigante Mekong e a carpa dourada de Jullien. Apenas 5% do habitat original ainda está lá.


2.  NOVA ZELÂNDIA (Oceania) - terra de paisagens variadas com grandes índices de espécies endêmicas, incluindo o kiwi, seu representante mais famoso. Neste arquipélago montanhoso dominado pelas florestas temperadas, nenhum dos mamíferos, anfíbios ou répteis é encontrado em outro lugar do mundo. As espécies invasoras, como as que chegaram no século XIX com os europeus, são uma série ameaça à flora e à fauna das ilhas. Foram levadas ao arquipélago 34 espécies exóticas de mamíferos (como gambás, coelhos, gatos, cabras e furões) e centenas de espécies de ervas daninhas. Nos últimos 200 anos, somando-se o impacto da caça e da destruição de hábitats, houve extinção de inúmeras espécies de aves, invertebrados, plantas e de um morcego e um peixe endêmicos. A drenagem de pântanos também é um problema-chave. Há apenas 5% de remanescentes do hábitat original do arquipélago.



 3.  SUNDA (Ásia-Pacífico) - esse hotspot cobre a metade ocidental do arquipélago Indo-Maláio, um arco de cerca de 17 mil ilhas equatoriais, dominado pelas duas maiores ilhas do mundo: Boréo e Sumatra. Suas espetaculares flora e fauna estão sucumbindo devido ao crescimento explosivo da indústria florestal e do comércio internacional de animais que consome tigres, macacos e espécies de tartarugas para alimentos e remédios em outros países. Populações endêmicas de orangotangos estão em dramático declínio. Outros fatores que levam à degradação são a produção de borracha, óleo de dendê e celulose. Em Sumatra, o corte e a extração ilegal de madeira - e outros produtos florestais - abastecem a alta demanda da China, América do Norte, Europa e Japão. Só 7% da extensão original da floresta permanece mais ou menos intactos.



4. FILIPINAS (Ásia-Pacífico) - é considerado um dos países mais ricos em biodiversidade do mundo. Diversas espécies endêmicas estão confinadas a fragmentos de florestas que cobrem apenas 7% da extensão original do hotspot, que abrange mais de 7.100 ilhas. Ocorrem só lá cerca de seis mil espécies de plantas endêmicas e diversas espécies de aves, como a águia das Filipinas (Pithecophaga jefferyi), a segunda maior águia do mundo. Outro exemplo é o sapo voador pantera (Rhacophorus pardalis), que passou por diversas adaptações para planar, como as abas extras na pele e as membranas entre os dedos. Toda a riqueza está ameaçada pela atividade madeireira. Os poucos remanescentes também são dizimados pela agricultura e para acomodar as necessidades do alto crescimento populacional. O sustento de cerca de 80 milhões de pessoas depende principalmente de recursos naturais provenientes das florestas.



5. MATA ATLÂNTICA (América do Sul) - se estende por toda a costa atlântica brasileira, e por para partes do Paraguai, Argentina e Uruguai, incluindo também ilhas oceânicas e o arquipélago de Fernando de Noronha. O bioma 20 mil espécies de plantas, sendo 40% delas endêmicas. Mais de duas dúzias de espécies de vertebrados, como os leões-marinhos e seis espécies de aves de uma pequena faixa no Nordeste, estão ameaçados de extinção, listadas como “criticamente em perigo”. A região é desmatada há centenas de anos, por causa do ciclo da cana-de-açúcar, das plantações de café, e, mais recentemente, por conta da crescente urbanização e industrialização do Rio de Janeiro e de São Paulo. O suprimento de água doce desse remanescente florestal abastece mais de 100 milhões de pessoas, a indústria têxtil, agricultura, fazendas de gado e atividade madeireira da região. Sobrou apenas 10% da floresta original.



6. MONTANHAS DO CENTRO-SUL DA CHINA (Ásia) - elas abriga uma ampla gama de hábitats incluindo a flora temperada com a maior taxa de endemismo no mundo. O ameaçado panda gigante (Ailuropoda melanoleuca), quase totalmente restrito a essas pequenas florestas, é a bandeira da conservação da região. Essas montanhas também alimentam a maioria dos sistemas hídricos da Ásia, incluindo diversas ramificações do rio Yangtze. As atividades ilegais de caça, coleta de lenha e pastagem são algumas das principais ameaças à biodiversidade da região. A construção da maior barragem do mundo, a de Três Gargantas, no rio Yangtze, ameaça a biodiversidade da área. Apesar disso, a construção de barragens está sendo planejada em todos os rios principais da floresta, o que deve afetar os ecossistemas e a subsistência de milhões de pessoas. Apenas cerca de 8% da extensão original do hotspot permanece inalterado.




7. PROVÍNCIA FLORÍSTICA DA CALIFÓRNIA (América do Norte) - é uma zona de clima mediterrâneo com altos índices de plantas endêmicas. É o lar da sequoia gigante, o maior organismo vivo do planeta, e alguns dos últimos condores da Califórnia, a maior ave da América do Norte. Também é o local de maior reprodução de aves dos Estados Unidos. Diversas espécies de grandes mamíferos da região estão extintas, incluindo o urso cinzento (Ursus arctos), que aparece na bandeira da Califórnia e é símbolo do estado há mais de 150 anos. A maior ameaça vem da destruição causada pela agricultura comercial, que gera metade de todos os produtos agrícolas dos EUA. O hotspot também corre risco com a expansão de áreas urbanas, poluição e construção de estradas, fatores que tornaram a Califórnia um dos quatro estados mais degradados do país. Hoje resta cerca de 10% da vegetação original.


8. FLORESTAS COSTEIRAS DA ÁFRICA ORIENTAL (África) - apesar de pequenos e fragmentados, elas contêm altos níveis de biodiversidade. Lá são encontrados cerca de 200 mamíferos, sendo 11 endêmicos, entre eles o musaranho-elefante (Rhynchocyon chrysopygus). Os primatas são espécies-símbolo desse hotspot, incluindo três espécies de macacos endêmicos, duas delas encontradas ao longo do rio Tana, que corta o Quênia Central. Além disso, as 40 mil variedades cultivadas da violeta africana, que movimenta US$100 milhões anualmente no comércio global de folhagens, são derivadas de um punhado de espécies encontradas nas florestas costeiras da Tanzânia e do Quênia. O risco de extinção das Florestas Costeiras da África Oriental ocorre por causa da expansão agrícola e das fazendas comerciais, que consomem os recursos naturais da região. Resta 10% das florestas originais



9. MADAGASCAR E ILHAS DO OCEANO ÍNDICO (África) - trata-se de um hotspot de exemplo da evolução de espécies em isolamento. Apesar de estarem próximas da África, as ilhas não compartilham qualquer grupo de animais do continente e contêm uma exuberante coleção única de espécies. O hotspot possui oito famílias de plantas, quatro de aves e cinco de primatas que não existem em nenhum outro lugar. As mais de 50 espécies de lêmures de Madagascar são os símbolos para a conservação da ilha, apesar de diversas delas já estarem em extinção. É uma das áreas mais prejudicadas economicamente no mundo, com um rápido crescimento populacional que pressiona o ambiente natural. Ameaças crescentes são a agricultura, a caça, a mineração e a extração não sustentável de madeira. A preservação dos 10% de hábitat original restantes é importante, uma vez que metade da população não tem acesso adequado à água doce.




10. FLORESTAS DE AFROMONTANE (África Oriental) - se concentra nas montanhas distribuídas ao longo da extremidade oriental da África, desde a Arábia Saudita ao norte até o Zimbábue ao sul. Apesar de geograficamente dispersas, as montanhas têm flora extraordinariamente similar. O gênero de árvore mais frequente é o Podocarpus. Uma zona de bambu é normalmente encontrada entre as altitudes de dois e três mil metros, acima da qual existe uma zona de floresta Hagenia, até uma altitude de 3.600 metros. O Vale do Rift abriga mais mamíferos, aves e anfíbios endêmicos do que qualquer outra região da África. Devido aos grandes lagos da região, há 617 espécies endêmicas peixes de água doce. A principal ameaça a essas florestas é a expansão da agricultura, especialmente com grandes plantações de banana, feijão e chá. O crescente mercado de carne, que coincide com o aumento da população, também poe em risco a região, com apenas 10% de seu hábitat original remanescente


Fonte: Conservação Internacional

domingo, 20 de fevereiro de 2011

O Projeto Click Trilha Plantou Árvores Nativas na FLONA do Ibura

O Projeto Click Trilha em parceria com o Projeto Cheirinho de Mato Plantou Árvores Nativas na FLONA do Ibura, o plantio aconteceu em área degradada de Mata Atlântica na Floresta Nacional do Ibura, em Nossa Senhora do Socorro, Sergipe. Os Alunos do ensino médio do Colégio Arquidiocesano foram acompanhados pelo coordenador de educação religiosa Padre Rinaldo Rezende e pelo autor do projeto o coordenador ambiental José Bezerra, professores e funcionários.
Na Floresta Nacional do Ibura, FLONA, em Nossa Senhora do Socorro, Sergipe, os estudantes foram recebidos pelo diretor da Unidade Paulo César Reys que esclareceu os alunos sobre a importância da FLONA.




Histórico
O governo federal criou, por meio de decreto, a Floresta Nacional do Ibura, com uma área de 144 mil e17 hectares. A nova Flona se incorpora às unidades de conservação já existentes, sob a administração do ICMBio.



Situada às margens da rodovia BR 101 km 85, no município de Nossa Senhora do Socorro, em Sergipe, a cerca de 11 km de Aracaju, a recém criada Flona terá como objetivos promover o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais, a manutenção do banco de sementes de espécies florestais nativas, inclusive do bioma mata atlântica em associação com manguezal, além da manutenção e proteção dos recursos florestais e da biodiversidade, recuperação de áreas e pesquisa científica.



Conhecido como Horto Florestal do Ibura, essa área já abrigou o Posto de Fomento (Pofom) do extinto IBDF, que produzia mudas e sementes florestais.


A área doada pelo estado de Sergipe à União será cedida ao Ibama pela Secretaria do Patrimônio da União (SPU) do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, cabia ao Ibama administrar a Floresta do Ibura e sua efetiva implantação, atualmente sob a administração do ICMBio.




Os estudos feitos para caracterização do meio físico pela Gerência Executiva do Ibama em Aracaju, Universidade Federal de Sergipe (UFS) e a Embrapa/Se apontaram as seguintes ocorrências: 123 espécies vegetais nativas de valor econômico, ecológico e cultural na área, entre elas o angelim, aroeira, sucupira, ingá, jacarandá, jatobá, jenipapo; fauna bastante diversificada com cinco espécies de anfíbios, 13 de répteis em especial o lagarto teiú, a cobra coral, cobra-verde, jararaca, 56 de aves e 14 de mamíferos, destacando-se , a cutia. 


Pássaros como canção, cardeal, jandaia – da - caatinga, galo-de-campina e sofrê. Entre as espécies da fauna aquática, duas estão em risco de extinção o cavalo-marinho e o mero.




Dos recursos hídricos inclusos na sub-bacia do rio Cotinguiba, a Flona do Ibura conta com nascentes originárias do aqüífero Sapucaia situado em seu sub-solo, que segundo dados colhidos pelo órgão estadual de saneamento, contribuem com cerca de 15% para o abastecimento de água da cidade de Aracaju.




Pelos seus atributos ambientais aliados ao fato de dispor de a infra-estrutura viária, predial e de redes d’agua, energia elétrica, facilidades de acesso e comunicação, a área apresenta condições apropriadas para a implantação e realização de atividades inerentes a uma Flona.




Situação Ambiental 
A área como seu entorno foram objeto de impactos ambientais diretos e indiretos decorrentes de empreendimentos passíveis de compensação ambiental. A BR 101 e o Gasoduto da Petrobrás que percorrem partes do seu interior como também quatro poços tubulares da Companhia de Saneamento do Estado. 



Nas adjacências da Flona, localizam-se estação de tratamento de esgoto da mesma empresa estadual, canaviais, fábricas de cimento, tecelagem e indústria de fertilizantes nitrogenados, estas últimas geridas pela Petrobrás em conjunto com a Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados – Fafen.




Como tais empreendimentos são fontes geradoras de impactos para a área e entorno, a criação da Floresta Nacional do Ibura possibilitará o aprofundamento de ações de controle ambiental mediante licenciamento, monitoramento e fiscalização. A administração do ICMBio — Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. 


Fonte: IBAMA



terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O GUIA EDUCAR-SE 2011 homenageia José Bezerra, Neuza Pinto e Maria do Amparo


O professor José Bezerra (Prêmio Betinho) , autor e coordenador dos Projetos Cheirinho de Mato e o Click Trilha, as coordenadoras Neuza Mota e Maria do Amparo do Colégio Arquidiocesano são destaques de Capa do GUIA EDUCAR-SE 2011 que homenageia Educadores Sergipanos. O GUIA com quase cem páginas vem recheado de dados e informações de mais de 5 mil endereços da Educação, com fotos e biografias de professores de várias cidades do interior, páginas temáticas sobre Cultura, Esporte e Educação Ambiental. (Editor Jorge Lins, Designer Rafael Lins com fotos de Juliano Oliveira). O lançamento será dia 28 de fevereiro, segunda-feira às 18h na Sociedade Semear.


domingo, 6 de fevereiro de 2011

Harpia: rainha das selvas

Diante da devastação das florestas, o destino da Harpia, maior ave de rapina das Américas, parece estar mesmo nas mãos dos pesquisadores. No Brasil, eles estudam seus ninhos e trabalham com reprodução em cativeiro para conservar as últimas populações da espécie





Até chegar a Parintins, no Amazonas, foram 24 horas de barco desde Manaus, Rio Negro abaixo. Depois de mais três horas numa caminhonete, selva adentro, já avistávamos nosso primeiro ninho de harpia. Ao meu lado, o veterinário venezuelano Alexander Blanco observava um filhote e ouvia seus piados. Ao fundo, porém, o ronco da motosserra anunciava uma área de extração ilegal de madeira. O caboclo João Ailton passa carregando uma tora. "Estamos cortando há 10 dias, mas só ontem fui avisado de que tinha um filhote de gavião-real lá em cima. O bicho é grande, né?", fala, sem espanto.
Foi uma situação típica. O comércio da madeira, a caça, a pecuária e a agricultura têm sido uma ameaça às harpias nas florestas tropicais de toda a América Latina. O declínio da espécie está diretamente ligado ao extermínio de seu habitat, já que a ave não tem um predador natural - com até 1,20 metro de altura e envergadura de 2,5 metros, está no topo da cadeia alimentar.
Suas garras podem capturar grandes mamíferos, como as preguiças e os macacos, cujas ossadas têm sido alvo de um dos estudos do biólogo Benjamin da Luz, na Amazônia. Em setembro de 2005, ele e o professor Marcial Cotes localizaram o primeiro ninho de harpia da Bahia, na RPPN Estação Vera Cruz, em Porto Seguro - o segundo encontrado até hoje na mata Atlântica.
O achado é uma esperança para a salvação dessas aves, para que elas continuem honrando as raízes de seu nome na mitologia grega: as "harpias" eram deusas que representavam as tempestades, descritas como donzelas com corpo de abutre, garras de águia e cauda de serpente.




Preservação dos ninhos
Na Amazônia, onde as harpias possuem sua maior população viável em todo o mundo, os ninhos ficam no mínimo a 25 metros de altura - podem chegar aos 50. O uso de técnicas verticais, como o rapel, é essencial na captura de filhotes para estudo, com a instalação de radiotransmissores, nas florestas alagadas de Manacapuru e nos bosques de terra firme de Parintins. Os trabalhos fazem parte do primeiro estudo brasileiro sobre a harpia em seu habitat, coordenado pela bióloga Tânia Sanaiotti no Instituto de Pesquisas Amazônicas (Inpa).
Na escola da comunidade do Lago do Cururu, em Manacapuru, Tânia discorre para os alunos sobre a importância da preservação dos ninhos. "O intuito é fazer com que o gavião-real faça parte da vida deles, e seja visto como um amigo, não como uma ameaça", diz.




Bom sinal
Um filhote abre suas asas no alto da floresta, no Amazonas, diante da carcaça de uma preguiça deixada pela mãe há pouco no ninho. Quando completar dois anos, idade da sua maturidade plena, a jovem harpia terá que começar a caçar, pois os pais começarão gradualmente a levar menos comida para ela. Pesquisas realizadas no Panamá comprovaram que uma harpia adulta caça de 250 a 300 presas por ano, entre primatas, grandes aves e preguiças.
A harpia é um dos melhores indicadores da saúde do ambiente em que vivem, e tornou-se um vetor da conservação da biodiversidade das florestas tropicais. Já é considerada a ave símbolo do Panamá e também do estado Bolívar, na Venezuela.
Reprodução em cativeiro
O mineiro Roberto Azeredo trabalha com as harpias desde 1994, quando recebeu um macho vindo da Fundação Zoobotânica de São Paulo. Criador com experiências de sucesso com cracídeos como o mutum-do-sudeste, ele obteve um feito inédito em 1999: o nascimento de um filhote em cativeiro criado pelos pais.
Hoje, Azeredo já possui um plantel de 25 harpias. "Meu objetivo é devolvê-las para seu habitat", diz, defendendo que a reprodução em cativeiro é fundamental para a conservação. Ele e a bióloga Tânia Sanaiotti elaboraram em 2005 um projeto de reintrodução na mata Atlântica, onde a espécie está muito fragilizada. Conseguiram autorização do IBAMA e, agora, buscam financiamento e a área adequada para a soltura.

Texto e fotos por João Marcos Rosa
Revista National Geographic